Era uma vez, num reino bem distante, uma princesa e um bobo da corte.
Eles eram muito amigos, estavam sempre lado a lado, brincavam juntos, passeavam juntos pelas dependências do castelo...
A rainha confiava muito no bobo da corte para proteger e ser fiel a sua filha, para ser amigo dela. E ele fazia
muito bem essa função. É certo que ela retribuía, também era muito leal ao bobo da corte.
Quando crescida, a princesa fez uma longa e duradoura viagem, deixando o seu amigo sozinho no reino com os afazeres de sempre. Ele, apesar de sentir grande saudade da princesa, continuou levando sua vida, e além disso, ele conservou os outros amigos e os pertences da princesa, fez com que eles ficassem aguardando ansiosamente o seu retorno.
Muito, muito tempo se passou.
"Festa, festa, festa!" O bobo da corte convidou outros amigos da princesa, conversou com a Rainha e marcou uma festa para o retorno dela ao reino. Estava tudo certo, mas algo estranho viria a acontecer.
A princesa não avisou direito que dia voltaria, que horas chegaria, como chegaria. Todos no reino ficaram apreensivos. A Rainha ficou muito nervosa e preocupada, afinal, esse comportamento não era do feitio da princesa. Então, a Rainha mandou que o Bobo da corte cancelasse a festa e "desconvidasse" os convidados.
Ele prontamente atendeu ao pedido-ordem da Rainha, mas seguia querendo fazer uma festa para a princesa, pelo menos ter uma longa conversa em mais um dos passeios deles pelo lago.
A princesa voltou.
O bobo da corte ficou muito feliz, mas ao conversar com a princesa percebeu que algo estava errado nela, o comportamento estava mudado. O que será que teria acontecido com a princesa?
Aos poucos o bobo da corte foi percebendo que cada vez mais a princesa se afastava dele, e ele não entendia o porquê disso. A amizade foi diminuindo, mas o bobo da corte acreditava que era ainda era ela. Acreditava que a amizade não iria acabar. E assim foi por algumas semanas.
Certo dia, uma notícia abalou o reino! A princesa começara a namorar um sapo. A Rainha ficou assustada, disse que um sapo não poderia fazer bem a sua filha. A menina diz que ele virará um príncipe - era o comentário no castelo.
Os dias foram passando e nada do sapo se transformar. Ele e a princesa brigavam muito, mas ela parecia cega por ele.
O bobo da corte já nem era mais lembrado pela princesa, eles se afastaram, mas não por vontade do bobo, que ainda acreditava na amizade deles. Pouco se viam, o bobo conversava as vezes com a rainha, mas na maior parte do tempo ficava em seus aposentos, ou cuidando dos animais do castelo.
A distância entre os dois foi aumentando cada vez mais. Enquanto o namoro da princesa com o sapo seguia, assustando a todos no castelo. O sapo e o bobo da corte se cumprimentaram 2 vezes, nas quais o sapo mostrou enorme arrogância para com o bobo, parecia temê-lo, parecia ter ciúmes da amizade que existia (ou existiu) entre ele e sua princesa.
Mais alguns meses se passaram, e eles se encontraram na festa da princesa do reino ao lado, que também era amiga dos dois. Quando chegou acompanhada de seu sapo, a princesa mal cumprimentou o bobo da corte, apenas acenou, como se fosse um mero conhecido. O bobo se abalou.
A festa foi passando, todos animados, exceto o bobo, que queria entender o que acontecera com sua tão amiga princesa. Sim, amiga, porque para o bobo a amizade dos dois ainda não acabara. Quando foi ao salão de alimentação para comer um doce, o bobo encontrou a princesa saindo de lá, indo levar ao sapo uma mosca crocante. Eles se cruzaram, se entreolharam e a princesa disse: "Vossa mercê tem conhecimento que eu não posso falar com você, não é?"
Aquela frase abalou ainda mais o bobo, ele logo entendera que ela não falar com ele seria uma ordem direta do sapo.
Pouco depois, a governanta, que viu o diálogo dos dois no salão, foi conversar com o bobo e já sabendo o porquê da princesa ter dito aquilo a ele, perguntou se ele sabia. O bobo respondeu que sim, e que se sentiu muito ofendido pois sonhava que a amizade deles jamais acabaria. Ainda mais por causa de um sapo. O bobo da corte prezava muito a amizade da princesa, era a maior que ele já teve, nenhuma das outras amizades do bobo chegava perto do tamanho da amizade dele com a princesa.
Tudo foi arruinado aquela noite.
O bobo da corte ainda naquele dia conversou com a Rainha sobre sua vida, mas não citou a princesa e o sapo para não estragar a "felicidade" dela.
Alguns dias depois, ele cruzou com a princesa no reino enquanto ia falar com a Rainha. Mas a jovem e ele não trocaram uma palavra no momento. Os funcionários do castelo ficaram surpreendidos com esse fato, que jamais havia acontecido.
Tempos depois, a princesa foi a uma corrida de cavalos, aonde encontrou o bobo da corte. Eles estava sozinhos, desacompanhados, e a princesa foi falar com o bobo como se nada tivesse acontecido, o bobo, muito mexido com o que aconteceu no passado, não sabia como lidar com aquela situação. Ele pensava: "Como é? Perto do sapo não pode falar comigo, e agora, sozinha, pode? Isso não é amizade". Conversou por educação com ela, logo se despediram.
O bobo da corte tomou a decisão de conversar com a princesa e esclarecer o que estava acontecendo. Mandou 2 cartas a ela, uma delas a princesa respondeu dizendo que quando pudesse, procuraria o bobo. Isso não aconteceu, ela não o procurou. E o bobo nunca pôde resolver essa situação, não cabia a ele, mas sim a ela, enxergar o que estava acontecendo. Ela estava abandonando a amizade mais bonita que já foi vista em qualquer um dos reinos das redondezas.
Hoje, a princesa segue namorando o sapo (sim, ainda é um sapo) e o bobo segue levando sua vida pacata, mas sempre com um ponto de interrogação na cabeça sobre o que acontecera com a princesa.
O bobo já admitiu para amigos próximos que se um dia a princesa precisar, ele estará pronto para apoiá-la, pois independentemente do que ela fez a ele, do mal-trato que ela o deu, ele sabe o valor da amizade que existia entre os dois. E que não deve hesitar em aceitar essa amizade de volta, pois era algo muito forte e bonito.
A princesa nem liga para o que aconteceu entre os dois. Segue namorando seu sapo sem enxergar o que acontece a sua volta, e sem enxergar o que o sapo lhe faz.
O bobo da corte conversa ainda com a Rainha as vezes, pois, como sempre, existe uma relação de muito respeito e admiração de um pelo outro. E quanto a princesa, ele disse que, apesar de apoiá-la se necessário, não vai procurá-la, que ela precisa reconhecer o valor da amizade. E para a amizade deles ser retomada depende dela, porque o bobo já fez a sua parte, tentou por diversas vezes e ela não permitiu.
Fique claro que o bobo não sente necessidade da amizade dela, pois outras amizades conseguem supri-la (mas não substituí-la), mas ele sabe que amizade igual aquela ele jamais terá, pelo menos não nos próximos anos. E espera muito que a princesa reconheça isso.
Ps: Toda fábula termina com uma lição de moral, mas essa não. Serve apenas para a "princesa" refletir sobre o valor das amizades que têm e como lida com essas amizades. Afinal, nada é tão grande no mundo quanto o valor de um verdadeiro amigo. Que cada "princesa" entenda como quiser.
(Fábula baseada em fatos reais)
(Fábula baseada em fatos reais)
Adorei, sim ou claro?
ResponderExcluirSempre te falo que adoro os seus textos e que você escreve muito bem!
Sorte que eu não me interesso por jornalismo esportivo e nem você por jornalismo de moda, sem concorrências aqui! hahaha
Beijos!
Para mim o final dessa história é muito previsível, se você me permite dizer. Minha opinião:
ResponderExcluirSapos só fazem sapices.Um dia o sapo vai dar um tropeço e vai cair numa enorme poça de lama. A lama vai voar na princesa arruinando seu penteado e seu lindo vestido cor de rosa. Aos prantos a princesa vai voltar para o castelo e entre um soluço e outro vai implorar por uma piada do bobo da corte. Então o pranto se tornará sorriso e os dois vão comer maçãs nos jardins do reino. E quanto ao sapo...sapo,que sapo? Princesas não se lembram de criaturas verdes e gosmentas no final.
Se ainda não teve final feliz é porque ainda não acabou!